A Área de Compras
Carlos F. S. Moreira
CEO M2M Digital
Considerada o “patinho feio” de toda organização, sobretudo por se caracterizar como um centro de despesas, a área de compras está dando a volta por cima; trata-se de uma mudança progressiva e consistente alicerçada no estabelecimento de novas e melhores práticas, automação de processos e gestão profissional, com rigoroso controle estratégico.
Na verdade, a mudança só vem sendo sentida há, no máximo, cinco anos. Entretanto, para surpresa de muitos, o processo foi deflagrado há, pelo menos duas décadas. No Brasil, após o fim da era da “ciranda econômica”, no início da década de 90, onde a inflação e a desorganização dos mercados era a tônica vigente, as empresas sentiram a necessidade de se reorganizarem para poder ter maior competitividade no mercado globalizado.
Sendo assim, aproveitando a década de 80, onde os sistemas de gestão tiveram o seu apogeu, muitas empresas passaram a olhar com mais atenção para os processos de suprimentos, que envolvem áreas fundamentais das organizações como compras e logística. Aumentar o faturamento é muito mais difícil do que reduzir custos. Esta é uma das lições que qualquer empresário deve conhecer. Assim, comprar bem passou a ser um fator decisivo para o sucesso dos negócios.
Com esta nova percepção, a área de compras passou a ter uma maior visibilidade e um papel cada vez mais importante dentro das organizações. O impacto desta mudança dentro da própria área começou a ser sentido na mudança do perfil dos profissionais, que deixaram de ser simples passadores de faxes para se tornarem habilidosos gestores de contratos, uma vez que aproximadamente 45% de tudo que se fatura numa empresa é gasto com compras.
O que vemos hoje é que a nova diretoria de compras possui um caráter muito mais do que estratégico dentro de qualquer organização. Ela participa ativamente das definições e objetivos do negócio, ajudando a empresa a atingir os resultados propostos.
Para atingir esta envergadura, a área de compras passou a analisar cuidadosamente o papel de cada produto e serviço dentro da organização, implantou novas práticas, modernizou os sistemas, e buscou implantar procedimentos visando garantir a qualidade na entrega e o nível de serviço dos fornecedores.
Novas Práticas
Como não poderia ser diferente, o papel das pessoas em todo processo de mudança é decisivo. Assim, o novo profissional da área de compras, o supply management, tem função importantíssima na assimilação das mudanças e na definição e manutenção de novas estratégias. No novo cenário, estes profissionais opinam em definições estratégicas e estão antenados com o planejamento financeiro de toda a organização.
No Brasil a área de compras tem sido fortemente apoiada pela utilização de novos ferramentais suportados pela tecnologia da informação. O comércio eletrônico já existe concretamente no país desde 1996, com a atuação de empresas que fornecem software para melhorar as transações comerciais entre compradores e fornecedores.
Com a automação de processos, que permitiu que os negócios fossem realizados de forma eletrônica (e-Business), novas vantagens competitivas foram adicionadas ao processo de compras. Dentre elas podemos destacar: agilidade operacional, acesso a novos mercados, redução de custos operacionais, disponibilidade de acesso a informações, conectividade, dentre outros.
Neste novo cenário, novos produtos e serviços passaram a ser oferecidos para apoiar a área de compras e os seus profissionais a atingirem os objetivos propostos por suas organizações. Abaixo listamos sucintamente as novas práticas que estão sendo agregadas a área de compras das organizações:
e-Procurement
Trata-se de um sistema computacional que realiza toda a gestão do processo de aquisição de bens e serviços utilizando a internet como plataforma de negócios entre empresas.
e-Sourcing
Trata-se da análise minuciosa e certificação da cadeia de fornecedores da empresa com vistas a garantir a qualidade e o nível de serviços necessários às aquisições do comprador.
Strategic Sourcing
Utiliza metodologias específicas para reduzir custos, sobretudo nos materiais indiretos. Está baseado na análise minuciosa de todas as compras de produtos e serviços com vista à requalificação de fornecedores, análise de contratos e planejamento de volumes de aquisição.
Business Processo Outsourcing (BPO)
Permite a terceirização de parte das compras da empresa, normalmente materiais indiretos, que passam a ser processadas através de uma central de compras compartilhada (e-Marketplace) com uma base de fornecedores com atuação em todo o território nacional, nos mais diversos ramos de produtos e serviços.
Leilão de Compras
Através da utilização de software via internet, o comprador pode realizar processos de aquisição de itens da curva A estimulando assim a competição entre os fornecedores que dão lances decrescentes em relação ao preço de compra.
Saneamento de Catálogos
Detém-se a realizar uma reestruturação no catálogo de bens e serviços da empresa com vistas a torná-lo mais eficiente e padronizado, utilizando metodologias para uniformizar os cadastros dos registros.
